Luiz Eduardo – O exemplo que veio da Ceilândia

Na primeira vez que pegou em uma raquete feita de madeira e E.V.A (Etileno Acetato de Vinila, material emborrachado utilizado para diversos fins), Luiz Eduardo Camarço dos Anjos soube que seu talento era mesmo com as mãos e logo abandonou o futebol com os amigos.

A concentração e o esforço foram dirigidos para a pequena bolinha do tênis de mesa e aquele caminho o levou a lugares que Luiz Eduardo nunca imaginaria. Pelo esporte que o encantou veio a primeira viagem de avião, uma aventura inesquecível e reveladora para o tímido menino que divide uma casa humilde na Ceilândia com mais oito pessoas.

O primeiro avião em que ele entrou, em abril, o levou até Aracajú, onde, na Copa Brasil, foi vice-campeão na categoria mirim. Depois, veio a participação em mais duas etapas: Maceió e Maringá (PR). Seriam seis viagens, mas a falta de dinheiro limitou a participação nas demais competições. Apesar disso, o menino de Ceilândia impressionou. E conseguiu uma vaga na Seleção Brasileira.

Assim, na próxima semana, Luiz Eduardo entrará para a história por ser o primeiro brasiliense de origem carente a disputar um torneio Internacional de tênis de mesa. O Aberto de Jovens, que acontecerá entre 20 e 23 de setembro, no Rio de Janeiro, reunirá mais de 100 adolescentes em duas categorias: Júnior (16 a 18 anos) e Cadete (14 e 15 anos), de países como Argentina, Chile, Peru, Paraguai e República Tcheca. Por ainda ter 13 anos e ser mais jovem do que os demais participantes, a competição será ainda mais importante para Luiz Eduardo.

Por isso, o garoto treina duro, de segunda a sexta-feira, para conseguir bons resultados. E se em um ano ele conseguiu chegar à Seleção Brasileira, quem vai duvidar de seu principal desejo? “Quero ser o melhor do mundo”, diz, com a confiança comum aos garotos.

A rotina de Luiz Eduardo envolve quase 10 horas por dia entre a saída de casa; o deslocamento até o CID de Ceilândia (com o professor Adalberto Prieto); a ida até o segundo lugar de treinamento, a Associação Atlética Banco do Brasil (AABB); e o retorno para o lar. No deslocamento, ele apanha ônibus e metrô e já houve casos de ter que fazer parte do caminho a pé por falta de recursos. Quando retorna para casa, sempre de carona com o treinador Ernesto Takahara, que o orienta da AABB, só tem energia para comer e dormir.

Fonte: Super Esportes

O Exemplo que veio de Ceilandia

 

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