Lígia e Mariany
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Por: Fernando Narazaki
Fonte: Gazeta Esportiva.Net
No embarque para sua segunda Olimpíada, nesta sexta-feira, a mesa-tenista Lígia Silva disparou críticas severas aos principais dirigentes da modalidade e reclamou da diferença na preparação das seleções masculina e feminina para os Jogos de Atenas. Lígia não gostou nada de estar embarcando apenas nesta sexta, ao lado de Mariany Nonaka, enquanto o time masculino está fora do país há uma semana, em um período de preparação na Bélgica, treinando com a seleção local. As duas delegações se encontram neste sábado e chegam a Atenas no mesmo dia. A amazonense acredita que houve protecionismo para a equipe masculina, e o fato prejudicou a preparação feminina para Atenas.
“A CBTM (Confederação Brasileira de Tênis de Mesa) tinha de dar uma explicação. Não dá para entender por que a gente só vai agora, enquanto os homens estão na Bélgica. Ficou chato para a gente e estou muito frustrada”, desabafou Lígia.
A atleta aponta que as delegações não foram tratadas de forma igual. “Ficou muito feio. Deveria ter ido masculino e feminino. A nossa preparação ficou prejudicada e eles ajudaram muito os homens”, disse.
Número um do país há três anos, Lígia acredita que, apesar da Lei Piva, a entidade ficou devendo na preparação. “Tem muita briga lá dentro e ninguém resolve nada. Eles não cumprem o papel de dar uma boa preparação para a gente e depois cobram resultados. Não dá”, afirmou.
O presidente da CBTM, Alaor Gaspar Azevedo, está sendo alvo de investigações no Ministério Público por irregularidades financeiras no comando da entidade. Sobre o assunto, Lígia prefere se esquivar. “Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Os fatos estão aí e não vou falar. Só sei que isso atrapalha a gente”, destacou.
Outro ponto defendido pela mesa-tenista é a vinda de chineses, prática muito adotada em outras nações que naturalizam jogadores da China para atuar em suas seleções. “É preciso. Tem o lado negativo que tira o espaço das brasileiras, mas é importante para o crescimento de todo tênis de mesa”, comentou.
Segundo ela, se a medida não for aprovada, o Brasil ficará atrás de muitos países até na América Latina. “O Pan (de Santo Domingo) já mostrou isso e daqui a pouco vai ser difícil competir até dentro da América Latina. A CBTM precisa tomar uma medida”, destacou.
Apesar de todos os problemas na modalidade, Lígia segue otimista para Atenas. “Se o sorteio ajudar, eu posso vencer umas partidas e chegar longe. É claro que todo atleta sonha com medalha, mas já ficarei feliz se vencer um jogo”, afirmou a amazonense, que disputará simples e duplas nos Jogos.