Felipe Formentin tinha uma vida como a de qualquer garoto de 16 anos. Escola, amigos, vida social agitada… Um susto, quase colocou tudo a perder. Quase! Um tumor no fêmur colocou a vida do jovem em risco, mas ele se superou e agora usa o esporte, o tênis de mesa, para dar a volta por cima. O susto deixou uma marca, é verdade, a perda da perna esquerda, mas que pode, perfeitamente, ser entendida como um sinal de vitória pelo o que se passou.
O câncer já estava em um grau desenvolvido. A amputação do fêmur foi a solução encontrada para salvar o garoto. E salvou! “O tumor já estava com 30 centímetros e os médicos me disseram que ninguém possui um sarcoma ósseo desse tamanho sem que se alastrasse para o resto do corpo. Foi dito também que a taxa de mortalidade para esses casos era muito alta. Para minha sorte o tumor não se espalhou, ficou na perna mesmo”, conta Felipe.
Depois da constatação, ele passou por uma operação de retirada do fêmur e implante de uma prótese interna. Mas um acidente atrapalhou sua recuperação.
“Quando voltava para Criciúma, para sessões de fisioterapia, tivemos um acidente de carro. Quando chegamos ao hospital, ninguém sabia interpretar a radiografia, por causa da minha prótese e foi receitado que apenas parasse com a fisioterapia. Depois disso, minha perna atrofiou e quando estava quase recuperando os movimentos tive uma queda, e tive que passar por todo processo novamente”.
Mas as páginas tristes de sua vida pararam por aí, com o tênis de mesa tendo um importante papel nesse projeto. E olha que ele ainda precisou amputar a perna, após decisão médica, por não se adaptar à prótese usada. Mas apoiado em uma muleta, ele seguiu no esporte e surge como um dos nomes promissores da Classe 7. “Minha vida mudou, eu mesmo tinha muito preconceito quanto à deficiência e comecei a pesquisar e vi que várias pessoas deficientes levavam uma vida normal, casavam e tinham filhos”.
E assim, o jovem dá seus primeiros passos no esporte paraolímpico e com certo destaque. Neste ano, ele já participou de duas edições da Copa Brasil, e, em ambas, ficou em terceiro lugar. Seu treinador, Alexandre Ghizi, de Criciúma, fala da rotina de treinos e do potencial do atleta, que vai ao treino todos os dias de bicicleta.
“Ele é um atleta e, independente das limitações dele, tem os mesmos pensamentos e desejos do dia a dia de um atleta. Acredito que isso ajude muito, já que ele passa a não focar nesse problema e sim em sua carreira. Acredito que quanto mais ele conseguir fazer isso, melhor para ele”.
{module 400}