A cada ano que se passa ficamos imaginando se algum outro país pode atrapalhar o domínio chinês. Digo atrapalhar, porque impedir já é pedir demais. Mas o Mundial de Dortmund foi o (triste?) retrato que o abismo que separa a China do resto do mundo nunca foi tão grande.
Se por um lado é fantástico poder presenciar a atuação de jogadores como Ma Long, Zhang Jike, Wang Hao, por outro não resta dúvida que os Mundiais conseguiram ficar ainda mais monótonos. E é assustador imaginar que a China ainda teria mais 3 ou 4 jogadores com nível para bater esta mesma Alemanha que foi vice-campeã mundial hoje. Mesmo se juntassem os melhores jogadores outros países numa mesma equipe, o placar dificilmente seria diferente de China 3×0.
Em Dortmund a China acabou sendo campeã sem perder um único ponto em toda a competição. Foram oito vitórias por 3×0. É a primeira vez que isso ocorre na história dos Mundiais por Equipes.
A situação é ainda mais crítica no feminino. A China foi campeã aniquilando as adversárias, mas, como bem salientou Marcos Yamada em seu blog, o pior de tudo é que nas semifinais (China x Hong Kong e Cingapura x Coréia do Sul), das 12 jogadoras que atuaram, 11 eram chinesas. Onze! Até a Coréia do Sul, grande força da modalidade e grande reveladora de talentos, utilizou duas chinesas naturalizadas.
Não importa que Cingapura tenha sido campeã mundial em 2010. Todas as jogadoras eram chinesas e contratadas a peso de ouro. E olhe que eram do segundo ou terceiro escalão chineses.
Nas últimas Olimpíadas o presidente da ITTF Adham Sharara deu uma declaração que ficou até incomodado com a comemoração exageradas dos atletas alemães quando venceram a semifinal diante do Japão. No entendimento dele, parecia que aquela era a final e que a Alemanha só iria “cumprir tabela” contra a China na final. Mas é isso mesmo que ocorre desde 2004: o resto do mundo lutando pelo vice-campeonato.
No individual até podemos sonhar com uma zebra, mas pelos próximos três ou quatro Mundiais não vai aparecer nenhuma equipe capaz de desbancar a China.
Maior bobagem do mundo é imaginar que algum tipo de mudança na regra pode beneficiar os adversários. Não adianta mudar tamanho de bola, tipo de cola ou borrachas. A diferença dos chineses NUNCA foi material. Simplesmente nenhum outro país se compara à China quando o assunto é levar a sério a modalidade. Ninguém treina tão bem quanto os chineses. Não falta dinheiro, gente, nem mão de obra especializada para gerar novos Zhang Jikes, Ma Longs, Ma Lins, Wang Haos, Wang Liqins…