A bola da vez – Tênis de mesa na Baixada Fluminense

Tênis de mesa: cada vez mais popular na Baixada

Fonte: Vanessa Campanario/Viva Favela

O esporte sempre foi um atrativo para os jovens, tantos para os que vêem como recreação, quanto para os que procuram um futuro profissional. O Tênis de mesa não é diferente dos outros, segundo Rogério Reis, que criou o primeiro campeonato de Tenis de mesa na Baixada Fluminense, que hoje está na sua sétima edição, dentro de uma comunidade carente de lazer e oportunidade. O evento reúne o maior público da modalidade no Estado provando que há muito talento e interesse desperdiçado na região. A paixão pelo esporte fez Rogério Reis, morador da Cidade de Nova Iguaçu, enxergar uma maneira de estimular jovens de várias comunidades a conhecerem e praticarem o jogo. Desde 2004, ele visita colégios da região apresentando o jogo para crianças além de distribuir cartazes pela cidade falando sobre o campeonato, que tem inscrição gratuita, e os dias que vão acontecer.

O primeiro dia de competição é liberado para aqueles que estão aprendendo e somente no segundo dia os jogadores federados podem jogar. Essa regra foi criada com o objetivo de que os alunos sem preparo físico, técnico e inexperientes pudessem descobrir suas habilidades na modalidade. Diferente das outras competições do Estado que não priorizam esse tipo de público.

Leonardo possui um segundo e terceiro lugar
Leonardo possui um segundo e terceiro lugar

Um outro diferencial do Baixada Open Tenis de Mesa é que todo lucro obtido na competição é revertido em material para ampliar e melhorar a qualidade do campeonato. Segundo ele, é comum fazer perguntas aos competidores sobre o que deveria mudar, melhorar ou manter na estrutura do evento.”Antes de começar o campeonato, eu compro mesas ou redes e outros materiais esperando as inscrições para quitá-las. É um risco que corro, mas vale a pena”,afirma Rogério.

Baixada Open
O campeonato é considerado pelo organizador como o maior do Estado por número de participantes. Foram 176 inscritos na última edição, com a promessa de bater recorde na sétima, que acontecem nos dias 5 e 6 desse mês na quadra do Instituto de Educação Rangel Pestana, em Nova Iguaçu. O idealizador já tem estratégias para alcançar um número ainda maior de adeptos para as proximas edições do torneio, que acontecem todos anos nos meses de maio e setembro.

Akio Osami ganhou a última edição
Akio Osami ganhou a última edição

Contudo, nem sempre foi assim. Rogério lutou muito para chegar ao nível das melhores competições. No início, o campeonato acontecia na rua e só tinha uma única mesa oficial e todo o equipamento era emprestado. Hoje são seis mesas oficiais, placares e redes, próprias. A evolução do evento faz com que os participantes se empenhem ao máximo sonhando com resultados melhores. Leonardo de Carvalho de 11 anos possui um segundo e terceiro lugar na competição e já sonha em ser federado e jogar fora do Estado. Não muito diferente de Akio Osami, 14, que ganhou a última edição e tem como ídolo TimoBoll, febre entres a garotada.“Não pretendo me profissionalizar, mas o reflexo e velocidade utilizada na modalidade me atraí muito. Esse esporte é meu preferido pois ele tem mais adrenalina”, diz Akio, um dos favoritos da competição. A representante feminina, Natalia Rodrigues, 20, ficou seis anos sem jogar, e, ainda sim, é uma das favoritas ao título por suas habilidades. Outra competidora, assim como Akio, garante só jogar pela diversão e se sentir satisfeito com a continuidade do projeto.

Natália é favorita no torneio feminino
Natália é favorita no torneio feminino

Satisfação conhecida pelo organizador. “Quando eu faço meus torneios, uma coisa que me dá muita satisfação é o agradecimento que tenho dos pais, por dar a essa meninada, uma recreação e alternativa de investimento”, declara o atleta. Rogério divide seu público entre os que têm como objetivo disputar troféus e os que vem para brincar e participar.

“Jogam por amor”
Foram as palavras usadas por Rogério para sinalizar a situação em que se encontra a modalidade no Estado do Rio de Janeiro. “Há dois ou três atletas que ganham para jogar e mesmo assim recebem fora daqui disputando campeonatos em outros Estados. Não há condições do esporte sustentar algum competidor na atual circunstância, para que isso acontecesse seria necessário um patrocínio fixo”, diz o jogador. Segundo ele, falta na Baixada investimento de órgão público, ou alguma medida que entrasse em vigor, ainda nos dias de hoje, que viabilizasse a dedicação dos atletas, como uma lei federal, que fosse o mais próximo da prática possível.

“Poderia ser feito uma lei municipal de incentivo ao esporte, na qual o atleta receberia ao menos uma ajuda de custo, não em dinheiro, mas de material para que a pessoa pudesse manter naquele esporte. A prefeitura ou governo estadual também deveria promover eventos para a todos e não só apenas para estudantes, porque várias pessoas com potencial param aos 18 anos. Perdem a bolsa no colégio e várias oportunidades mesmo quando se tornam jogadores federados”, explica Rogério, que mesmo com todas as dificuldades não desiste do esporte.

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