CBTM REAGE À MATÉRIA PUBLICADA PELO JORNAL NIPPO-BRASIL

Em resposta à solicitação feita pelo Mesatenista.Net, o Presidente da CBTM Alaor Azevedo posiciona-se sobre a matéria publicada pelo Jornal Nippo-Brasil.

O que seria motivo de comemoração virou farra.

R – Não entendi a palavra FARRA, talvez o autor pudesse esclarecer e aí poderíamos responder!

A inédita medalha de prata na categoria juvenil masculina, conquistada no Aberto da Espanha, no dia 9 de maio, deixou explícito o atual barril de pólvora que se tornou o tênis de mesa nacional. Na semana seguinte à façanha de Gustavo Tsuboi e Bruno Anjos, as notícias veiculadas no site da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa lembravam um samba exaltação. Nada mais justo, se os atletas, responsáveis diretos pela prata, não fossem relegados a segundo plano.

R – Segundo plano?  O atleta Bruno Anjos faz parte da equipe Olímpica Permanente, tendo direito a moradia, alimentação, bolsa de estudos, transporte, assistência especializada de preparador físico, nutricionista, treinador e psicólogo, além de uma ajuda de manutenção significativa, muito acima da média da população Brasileira e diga-se de passagem merecida.   Vários outros atletas fazem parte deste projeto, inclusive Cazuo Matsumoto, Nathalia Barreira, Vera Silva e uma jogadora de Rondônia – Laura, uma das maiores revelações de nosso esporte, que por determinação da CBTM continuará representando este estado em todos os nossos eventos. Abrimos inscrições para mais pessoas e estamos avaliando os pedidos. Aliás estes atletas deveriam ser entrevistados e diriam o que acham do projeto, melhor do que falarmos por eles! Só gostaria de mencionar uma recente resposta do atleta Thiago Monteiro a uma pergunta do Presidente da União Latino-americana de Tênis de Mesa – Miguel Delgado: “O que lhe falta para ser campeão mundial? ”   Nada, tenho todo o suporte de um atleta de alto nível, caso não atinja os objetivos traçados a falha será somente minha!    Talvez isto pudesse ser confirmado com o próprio, que está treinando no Centro Internacional de Piracicaba.

O que se viu na web foi uma chuva de mensagens de congratulações enviadas à Confederação por dirigentes de todo o mundo e a despropositada ênfase ao trabalho dos técnicos brasileiros. Uma clara provocação aos dirigentes da Liga Nacional de Tênis de Mesa (LNTM), entidade independente, criada em fevereiro último, por oito clubes paulistas não muito contentes com a administração de Alaor Azevedo, presidente da CBTM há mais de uma década.

R – A CBTM é uma entidade que congrega todas as federações, técnicos, atletas e demais membros e que representa o país em eventos internacionais, logo é lógico que os elogios sejam enviados para ela.  Aliás em todas as mensagens dividimos a alegria com todos, um títulos deste não é só do clube ou do atleta, depende de toda uma estrutura.   Em relação a Liga, gostaria de esclarecer novamente que ela no momento é ilegal, conforme nota oficial recentemente publicada e amplamente divulgada.

Uma das principais críticas da Liga, aliás, é a indicação de Marles Martins e Serge Miura como coordenadores técnicos das seleções brasileiras adulta e de menores, respectivamente. Até o último ano, era escolhido para comandar a equipe nacional o treinador do clube com o maior número de atletas selecionados. A crítica da comunidade mesa-tenista é pelo fato de nenhum deles jamais ter formado jogadores de alto nível.

R – Marles Martins é considerado por Michel Gadal e por Mikael Andersson um dos melhores técnicos do mundo!  Serge Mimura, apesar de novo, é extremamente capaz e interessado, dirigiu  no ano passado o Clube de Jundiaí, que foi campeão do Troféu Eficiência da CBTM em toda a temporada.  É  treinador direto de vários atletas com importantes conquistas, dentre eles Marianny Nonaka e Cazuo Matsumoto. Este último tinha abandonado a carreira, pois não aceitava os métodos de treinamento do técnico Maurício Kobayashi e foi motivado a voltar pelo técnico Serge Mimura.  Hoje mora em Piracicaba e recentemente conquistou brilhantemente a vaga para o Pan-americano e Aberto dos Estados Unidos. Recentemente venceu por duas vezes Hugo Hoyama.  Marles preparou Thiago Monteiro para que pudesse jogar na Suécia e França e junto com Francisco Camargo é responsável direto pela ótima atuação de Thiago no Mundial de Osaka e nos Abertos Internacionais, no Egito foi vice-campeão na categoria juventude.

As divergências entre clubes e Confederação não é recente mas parece ter se acirrado após a aprovação da Lei Piva, projeto sancionado em julho último, que destina 2% da arrecadação das loterias federais aos esportes olímpicos, através do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). O tênis de mesa foi beneficiado com R$ 600 mil anuais. De acordo com o presidente da Liga Nacional, Lidney Castro, os recursos não estão beneficiando os clubes e atletas de ponta. “Enquanto não tinham dinheiro os clubes de São Paulo, que possuem os atletas mais fortes, interessavam a eles. Agora a Confederação está tendo um apoio bastante grande do COB mas direciona a verba só para alguns setores. Estão deixando a maior parte do tênis de mesa de ponta de lado. Isto está causando um mal estar entre clubes, técnicos e jogadores”, afirma Lidney.

R – Estão sendo apoiados todos os atletas, conforme falamos acima, inclusive Hugo Hoyama e Thiago Monteiro, cujo planejamento vai até o final de 2003.

Há um certo receio em tocar no assunto. Os “setores”, mencionados pelo dirigente da Liga, na realidade, é uma cidade: Piracicaba. Pouco expressivo no cenário do esporte, o município foi escolhido para abrigar um centro de treinamento intensivo destinado aos atletas da seleção brasileira, utilizando os recursos da Lei Piva. “Isso é uma das coisas que não só São Paulo como todo o Brasil tem questionado. A Confederação já fez uma experiência semelhante, antes, em Piracicaba, com atletas que, no momento, eram os melhores. Eles realmente foram para a cidade durante um tempo fazer treinamentos e depois tudo que foi prometido não foi cumprido. Isso fez com que passássemos a desconfiar do que está ocorrendo. Quanto ao resultado na Espanha, nenhum atleta era de Piracicaba”, declara.

R – Piracicaba tem o melhor centro de treinamento de nosso esporte da América Latina e segundo o técnico croata Roman Plese o melhor centro da ITTF do mundo. A CBTM está apoiando este centro e esta cidade por este motivo. A idéia é termos o melhor centro do mundo, com apoio especializado, etc. A Prefeitura de Piracicaba, através do Prefeito José Machado está também apoiando firmemente o projeto Temos o convênio com a Universidade Metodista de Piracicaba, que vai cuidar de todas as certificações de técnicos, administradores e árbitros, além de cuidar das avaliações físicas dos atletas das diversas seleções Brasileiras. Posteriormente cederemos os programas de cursos e certificações para outras Universidades, que também farão parte dessa parceria. Não pretendemos ficar só no Centro de Piracicaba, mas no momento precisamos fortificá-lo e prepará-lo para ser modelo para todo o país e para a América Latina.   Somente em 2001 passaram por lá, pagos pela Federação Internacional, 70 pessoas, 58 atletas e 12 técnicos, além de mais de 100 outros pagos pelas suas próprias associações. Se o Centro não fosse bom, receberia tanta gente?   Aliás já falamos diversas vezes ao Sr. Lidney, que reúne condições ímpares em Santos, entre elas de ser amigo pessoal do Prefeito Beto Mansur e de ser Diretor Técnico remunerado da Fundação de Esportes de Santos, de que estamos a disposição para colaborar na construção de um modelar centro naquela cidade. Centro, diga-se de passagem, merecido, pelo alto nível que o nosso esporte atingiu nesse importante e belo município. 

Neste cenário pouco esportivo, os maiores prejudicados são os atletas. Maior jogador brasileiro em atividade, Hugo Hoyama, é o retrato do que pensam os jogadores de modo geral. “Espero que tudo se resolva logo. Não é de hoje que acontece esse tipo de coisa. Eu acho que o pessoal tem que se unir para que o tênis de mesa possa evoluir. Do contrário, quem sofre somos nós”, completa.

R – Hugo Hoyama sempre teve o apoio total da CBTM, inclusive pessoal.  Já negociou o planejamento com técnico Marles Martins até dezembro de 2003 e pretendemos dar todo o apoio possível para que ele brilhe nos eventos internacionais e principalmente nos Jogos Pan-americanos 2003, quando terá a oportunidade de se consagrar como o maior medalhista em Pan-americanos na história.  Quanto a união é o que a CBTM sempre procurou e procura.  Quanto a jogadores de modo geral, é melhor explicitar os nomes, não gosto de generalizações. Graças a Lei Piva, estamos dando o maior apoio a todos os mesa-tenistas de toda a história de nosso esporte.

Procurado insistentemente pela redação, o presidente da CBTM, Alaor Azevedo, não retornou os telefonemas.

R – Estava viajando quando o repórter me procurou. Nunca me furtei a entrevistas e não seria agora que o faria.

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