Entrevista com Cazuo Matsumoto

Cazuo Matsumoto vive o melhor momento de sua carreira. Num bate papo bem descontraído o nº 45 do mundo conversou conosco sobre seu atual momento e sobre seu futuro.

Esperava subir tanto no ranking?
Não. Achei que seria nº 60 por aí… No máximo 55.

Em termos de ranking, qual era/é a meta para sua carreira?
Eu acho que nunca tive uma meta na carreira… Sempre tive o sonho de chegar um dia a top 10. Mas era um sonho bem distante. Para esse ano com certeza minha meta era chegar top 50, mas chegou antes do esperado.

Sendo Top 50, a tendência é entrar sempre na chave principal dos principais eventos (inclusive o Mundial). Isso tira um pouco da pressão?
Acho que não. A pressão sempre está lá. Pode ser que enfrentarei jogadores com ranking abaixo que o meu, mas acho que preciso trabalhar bem minha parte psicológica quando eu for jogar daqui pra frente.

Sente algo especial quando olha para ranking e vê uma galera fortíssima abaixo de você?
Sim. Acho engraçado. Pessoas que admirava e continuo admirando estão atrás. E pensar que estou no mesmo nível que eles me deixa muito feliz.

Você acha que pegar chaves menos complicadas (teoricamente) a partir de agora vai ajudar a ter mais regularidade?
Difícil de dizer. Acho que depende mais de como eu me preparar para o evento. E o que influência mais pra mim é o estilo de jogo.

Falando em preparação, hoje você é mais empresário, jogador ou treinador? Da seleção você é o único que não pode se dedicar exclusivamente aos treinos. Como está isso hoje?
Empresário já não sou mais. Vendi meu restaurante ano passado. Treinador, ainda estou quando fico no brasil. Mas hoje meus treinos são pensando mais em qualidade do que quantidade.

Ainda tem disposição de encarar uma liga na Europa?
Sim. Acho que tudo depende do incentivo $$ (risos). Brincadeira. Mas ainda acho que tenho gás pra jogar lá sim. Se eu sentir que preciso ir acho que eu voltaria sem problemas.

Mas para ganhar o mesmo que ganhava antes, não vale a pena, correto?
É acho que hoje pelo ranking tenho que me valorizar mais.

Não surgiu nenhum tipo de convite? Proposta informal?
Ainda não. Mas hoje em dia tem muito jogador forte a procura de clube e muitos chineses fortes também e eles acabam com o mercado às vezes.

Existe a questão de cada clube poder ter apenas um extra comunitário (fora da União Europeia) por equipe, né? Normalmente os chineses pegam esta vaga.
Sim. Muitos clubes já têm chinês. Aí dificulta um pouco

A França seria o destino natural? Tem vontade ou curiosidade de jogar na Alemanha?
Acho que tenho mais contatos na França por ter morado tantos anos lá e pelo técnico da seleção Jean-Rene estar lá seria mais natural eu ir pra França. Na Alemanha não sei direito como funciona. Mas quem sabe… Acho que tudo é possível.

Sobre o “novo” Cazuo. Você forçou uma mudança no seu estilo de jogo ou isso vai sempre variar de acordo com o adversário? Na Espanha você foi praticamente um bloqueador, mas agora na Copa do Mundo jogou muito bem de forma mais ofensiva. Como você se sente mais a vontade jogando hoje?
Acho que depende muito contra quem estou jogando. Meu jogo se limita muito em saques e recepção e daí acabo construindo meu jogo. Se o adversário me pressiona mais sou obrigado a defender e brigar mais pelo ponto. Se ele tem uma recepção e terceira bola mais passiva tenho chance de tomar a iniciativa.

Pergunta que todos os fãs do estilo caneteiro fazem: ainda há espaço pro caneta tradicional no tênis de mesa?
Sim. Mas o caneteiro pra poder se destacar precisa de um jogo diferente. Usar mais os pontos fortes. Os saques, a recepção. O ataque forte. E ser bem criativo no jogo.

Mas se você fosse começar a jogar hoje, seria classineta, clássico ou caneta novamente?
Difícil de dizer. Mas talvez clássico. Têm muito mais recursos.

Quase esqueci. Você soube que praticamente TODO MUNDO que joga ou jogou tênis de mesa estava acompanhado o jogo contra o Japão? Era duas, três da manhã e todo mundo estava comentando o jogo. Nunca tinha visto isso (nem quando você ganhou o Pro Tour).
Sim. Depois da vitória contra a Suécia as pessoas começaram a acreditar que seria possível (risos).

Obrigado Cazuo! Gostaria de comentar algo ou fazer algum agradecimento?
Nossa já agradeci tanto já. Mas não custa nada agradecer de novo. Queria primeiro agradecer pela oportunidade da entrevista porque sem os meios de comunicação hoje ninguém poderia acompanhar nosso trabalho, nossas conquistas e tudo que agente tem feito. Queria agradecer a Deus, minha família, minha mãe que está me acompanhando sempre, meus companheiros de treinos, os técnicos (Paco, Hideo, Kazu e Sílvio) a CBTM, Butterfly, São Caetano, Bolsa Atleta a todos meus amigos e a equipe (Gustavo Tsuboi, Thiago Monteiro e Jean Rene) que sem eles nada disso seria possível.

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