MUNDIAL 2003 – ENTREVISTA COM KONG LINGHUI

Kong Linghui atravessa momento mais delicado de sua carreira

Confira a tradução da entrevista concedida pelo atual campeão olímpico Kong Linghui à Revista Table Tennis World. O melhor momento da entrevista é quando Kong relata suas expectativas para o Mundial de Paris.

Entrevista com Kong Linghui: Pensando em Paris.
(Este artigo foi publicado em Maio de 2003 na Table Tennis World).

REPÓRTER: Das 7 vagas para o Mundial Masculino em Paris, 5 saíram de torneios seletivos. Depois do treinamento fechado em Xiamen, Ma Lin, Wang Liqin e Wang Hao foram os primeiros a se classificar. Desde 1995, você é o principal jogador da equipe, e você nunca teve que competir com jogadores novos por uma vaga. Como você se sente em relação aos torneios seletivos?

KONG LINGHUI: Eu acho que isso é normal. A equipe quer aperfeiçoar o sistema de competição interna e acrescentar a agressividade de jovens jogadores. Em dois torneios preparatórios, a equipe selecionou 3 das 5 principais vagas. As duas vagas restantes foram então definidas por torneios internos. Os técnicos então escolheram mais dois, para completar a seleção. Eu acredito que esse seja um processo seletivo justo, e eu não me sinto incapaz de jogar nesse torneios. Ma Lin, Wang Liqin e Wang Hao estiveram particularmente jogando bem nos torneios preparatórios.

REPÓRTER: Depois do treinamento fechado, os técnicos deram conselhos a todos os jogadores. O que eles disseram a você, e você concordou?

KONG LINGHUI: Eles perceberam os problemas que eu enfrento jogando os sets de 11 pontos. O técnico Cai e 5 outros deram valiosas sugestões. Tecnicamente eu tenho meu foco nas três primeiras bolas e na potência de meus ataques no backhand. Eu preciso trabalhar em alguns ajustes, incluindo como fortalecer meus topspins no forehand. Os técnicos também me deram conselhos de como ajustar minha atitude mental. Para mim, os problemas psicológicos são mais desafiantes do que os problemas técnicos.

Kong comemorando título olímpico

REPÓRTER: Realmente muitos estão interessados em suas condições psicológicas. Depois das Olimpíadas de Sydney, você tem estado um pouco abatido e, nesses dois últimos anos, você não obteve nenhum grande resultado. Nós queremos saber se isto aconteceu por você ter conquistado todos os grandes títulos mundiais e se você ainda tem motivações e metas, ou se isto se deve a razões técnicas.

KONG LINGHUI: Depois de Sydney, eu tinha basicamente conquistado todos os títulos do Tênis de Mesa, e relaxei. Liu Guoliang e eu conversamos sobre isto. Talvez qualquer um também se sentiria relaxado. Além disso, eu não tinha analisado com precisão as dificuldades que teria com as mudanças de regras, e minha capacidade de treinar forte tem diminuído. Também, agora que estou mais velho, existem muitas coisas que me distraem, e que afetam meus treinamentos.

Mas eu ainda levo muito a sério o Mundial, os Jogos Asiáticos e a Copa Mundo! Não importa quantos títulos mundiais você tenha vencido, pois você sempre leva a sério os torneios importantes. Logo minhas derrotas em Osaka (Mundial de 2001) e em Jinan (Copa do Mundo 2002) me afetaram muito. Embora eu não tenha perdido a confiança que eu ganhei durante todos esses anos, e até mesmo se eu estivesse mal fisicamente, ainda teria confiança em jogar bem, porém a confiança vem de resultados acumulados, assim não ganhar por muito tempo me faz sentir um pouco inseguro. Nessas duas competições (Osaka e Jinan), eu cheguei apesar de não estar na minha melhor condição física, então aqueles foram resultados aceitáveis. Eu não deveria vencer aqueles dois eventos, e a razão não foi a minha falta de habilidade, depois de Sydney, em manter minha disposição elevada por muito tempo. Antes de Sydney, minha meta era muito clara: eu nunca havia vencido as Olimpíadas, então esta era a minha principal meta. Eu tinha uma forte convicção que conquistaria o título. Naturalmente, eu queria vencer em Osaka, mas quando eu cheguei a 2-0, eu comecei a relaxar, senti isso. Na Copa do Mundo em Jinan, eu venci o primeiro set, e estava vencendo por 10-8 o segundo, mas não consegui vencer a partida. Quando eu perdi em Osaka, eu não me senti tão mal, pois havia perdido para um companheiro de seleção. A derrota na Copa do Mundo me afetou muito mais, pois eu não havia jogado bem nos Jogos Asiáticos, e vencendo a Copa do Mundo teria estabilizado meu estado mental.

REPÓRTER: Eu lembro que você passou por uma má fase durante um longo período antes das Olimpíadas de Sydney. Agora você está novamente numa má fase há quase dois anos. Todos nós desejamos que dê a volta por cima.

KONG LINGHUI: Eu também desejo dar a volta por cima! Mas depois que foi adotado o novo formato de 11 pontos, as chances de todos os jogadores aumentaram, e minhas dificuldades aumentaram. Eu espero, até os últimos treinos, alcançar minhas melhores condições físicas e mentais, com a ajuda de meus técnicos.

“O Mundial em Paris é um torneio crítico e também um novo ponto de partida para minha carreira”

REPÓRTER: Nós entendemos que o Mundial de Paris é muito importante para você. Se você se sair bem, você será encorajado para jogar as Olimpíadas de Atenas. Caso você se saia mal, poderá perder sua posição de jogador-chave na seleção, e poderá ser substituído por jogadores mais jovens, como Ma Lin, Wang Liqin e Wang Hao. Como você vê isto?

KONG LINGHUI: Eu penso que isto é normal. Da mesma forma, quando eu e Liu Guoliang fomos bem no Mundial de 95, nós pudemos jogar nas Olimpíadas de 96. Ma Wenge não esperava não participar das Olimpíadas de Atlanta. Para manter nossa seleção forte nós devemos ter jogadores jovens substituindo os mais velhos. Os jogadores mais velhos têm um duro trabalho para prosseguir com suas carreiras. Se você não tiver bem o bastante não poderá alcançar as oportunidades que lhe forem dadas, e a nossa seleção não lhe dará tal oportunidade. Então, o Mundial em Paris é um torneio crítico e também um novo ponto de partida para minha carreira. Eu tenho que construir confiança para o restante de minha carreira. Igualmente, se eu não jogar bem em Paris, isto não significa que não tenha mais nenhuma chance de jogar em Atenas, pois ainda falta mais de um ano para a competição, e eu ainda posso provar que tenho competência.

REPÓRTER: Você ainda tem um desejo particularmente forte de jogar as Olimpíadas do próximo ano?

KONG LINGHUI: Naturalmente! Eu quero jogar até as Olimpíadas de Pequim. Eu queria que as duas sedes das olimpíadas fossem trocadas. Pois eu quero muito jogar na primeira Olimpíada na China, mas 2008 está muito longe para mim. Agora minha meta imediata é Paris, e a próxima é a Olimpíada de Atenas.

 

OUTRAS INFORMAÇÕES SOBRE KONG LINGHUI

  • Data de Nascimento: 18/10/1975
  • Nacionalidade: Chinês
  • Estilo de Jogo: Ofensivo (all-round)
  • Empunhadura: Clássica
  • Material Utilizado:
    Raquete: Butterfly Kong Linghui
    Borrachas: Butterfly Sriver
  • Clube: Heilongjiang Sanjing (China)
  • Principais Títulos:
    Campeão Mundial Individual (1995);
    Campeão Olímpico (2000);
    Campeão da Copa do Mundo (1995);
    Vice-campeão Mundial Individual (2001);
    Campeão Mundial por Equipes (1995)
    Campeão Mundial por Equipes (1997)
    Campeão Mundial por Equipes (2001)
    Campeão por Equipe dos Jogos Asiáticos (2002)
    Campeão Mundial de Duplas Masculinas (1997);
    Campeão Mundial de Duplas Masculinas (1999);
    Campeão da Grande Final do Circuito ITF Pro Tour (1996/1997);
    Campeão do Aberto da Austrália (1999);
    Campeão do Aberto da França (1999);
    Campeão do Aberto da Austrália (1999);
    Campeão do Aberto da Malásia (1997);
    Campeão do Aberto dos Estados Unidos (1997);
    Campeão do Aberto da Áustria (1997);
    Campeão do Aberto da China (1996);
    Campeão do Aberto da Inglaterra (1996).

Veja outras informações sobre a competição em: http://mundial2003.temp.mesatenista.net

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